O Primeiro Cigarro
O Primeiro Cigarro: Minha História com o Marlboro Red
Eu tinha 15 anos quando o Marlboro Red entrou na minha vida, e não foi por rebeldia, como muitos imaginam. Foi curiosidade — aquela chama que te leva a explorar o proibido. Minha mãe deixava o maço vermelho e branco jogado na mesinha da sala, ao lado de um cinzeiro de vidro rachado que ela chamava de relíquia. Todo dia, voltando da escola, eu passava por ali, e o cigarro Marlboro parecia me chamar, um segredo dela que eu queria descobrir.
Como Comecei a Fumar Cigarro
Numa tarde cinzenta, ela saiu pra comprar leite — sempre demorava mais que o necessário —, e eu vi minha chance. Peguei um cigarro Marlboro Red, os dedos tremendo ao sentir o papel áspero. O cheiro doce do filtro me surpreendeu, mas eu não sabia o que vinha pela frente. Corri pro quintal, me escondi atrás da mangueira seca, e acendi com um fósforo roubado da cozinha. A primeira vez fumando foi um fiasco — a fumaça queimou minha garganta, tossi até os olhos marejarem, e o gosto amargo quase me fez desistir. Mas a brasa, aquele ponto laranja brilhando, me prendeu. Eu precisava tentar de novo.
Virou um hábito secreto. Roubava um Marlboro Red aqui, outro ali, achando que ela não notaria. Adolescente acha que um Chiclete de menta disfarça o cheiro de cigarro, mas minha mãe, fumante desde os 18, não era ingênua. Ela dizia que o tabaco a ajudava a suportar o trabalho e as contas — e eu estava prestes a descobrir que ela sabia de tudo.
Minha Mãe Descobriu — e Me Ensinou a Inalar
Um dia, cheguei em casa com o cheiro de Marlboro na mochila, o batom vermelho marcando o filtro que escondi mal no bolso. Ela tava na cozinha, mexendo o feijão, o cigarro dela pendurado nos lábios como parte do rosto. “Lívia”, chamou, sem me olhar, “vem cá.” Sentei, esperando uma bronca, mas ela apagou o cigarro no cinzeiro, a fumaça subindo lenta, e me encarou. “Acha que eu não sei contar os cigarros do meu maço?” A voz era calma, mas firme. Antes que eu pudesse mentir, ela riu — um riso curto, quase terno — e pegou o maço. “Se vai fumar cigarro, faz direito”, disse, me entregando um novinho.
Foi na varanda que ela mudou tudo. “Não é só puxar o ar”, explicou, acendendo o dela com uma tranquilidade que eu invejava. “Você tem que inalar a fumaça, sentir ela te preencher antes de soltar.” Ela tragou devagar, a fumaça saindo em um fio perfeito, e me passou o isqueiro. Tentei, engasguei, mas ela me guiou. “Vai devagar, menina, deixa a fumaça te levar.” Aos poucos, aprendi a inalar o Marlboro Red, a queimação virando um calor que parecia certo.
Nosso Segredo com o Tabaco
Não teve sermão, só conexão. Ela, 40 anos, eu, 15, dividindo a varanda e o vício do cigarro. “Não conta pro teu avô”, ela dizia, soprando a fumaça pro céu, “senão ele me mata.” Eu ria, sabendo que ela também tinha começado escondida, anos atrás. Hoje, aos 19, compro meu próprio maço de Marlboro Red, mas carrego aquele dia comigo — o fósforo roubado, o quintal empoeirado, e minha mãe me ensinando a fumar como ela. A fumaça sobe, e eu escrevo isso pra vocês, com o sabor do tabaco na boca e a voz dela ecoando: “Faz direito, Lívia.”
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